quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Cientistas detectam câncer de 'pele' em peixes do Pacífico











Pela primeira vez, cientistas da universidade de Newcastle, na Grã-Bretanha, e do Instituto Australiano de Ciência Marinha, detectaram sinais de câncer de 'pele' em peixes que habitam a região da Grande Barreira de Corais, entre a Austrália e a Papua-Nova Guiné, bem abaixo do maior buraco da camada de ozônio. O estudo foi publicado no periódico científico Plos One.
A doença foi encontrada em peixes da espécie Plectropomus leopardos, conhecido como truta de coral, abundante na região. Os peixes apresentaram manchas negras no couro, algumas cobrindo quase todo o corpo do animal, outras atingindo parte da área (leia mais abaixo).
Divulgação/Newcastle University
Manchas negras são indícios de câncer de pele em trutas que vivem no Grande Recife de Corais
Dos 136 peixes analisados, 15% apresentaram essas lesões. Para Michael Sweet, da universidade de Newcastle e coordenador do estudo, os números são significativos.
“Concentramos esforços nesta espécie de truta, mas durante a pesquisa percebemos padrões parecidos de melanoma em pelo menos outras duas espécies que vivem na mesma área”, falou. “As amostras são de peixes com câncer de 'pele' superficial. Mas como o animal fica mais vulnerável ao desenvolver a doença, se locomove menos e come pouco, acreditamos que eles se tornam presas fáceis da pesca e, por isso, pode haver mais casos de doenças nos animais marinhos”, falou.
Câncer em peixes – Até então, casos de câncer de 'pele' em peixes só era conhecido em espécies usadas dentro de laboratórios, para estudo da evolução da doença. Nestas espécies, genes que sofriam mutação passavam a produzir melanoma desenfreadamente. Fora do laboratório, esta é a primeira vez que a doença é descrita.
Buraco na camada de ozônio – Michael Sweet ainda não diz categoricamente que o câncer no couro dos peixes é causado pela exposição extensiva aos raios ultravioleta devido ao buraco na camada de ozônio na região. Segundo ele, outros estudos mais conclusivos precisam ser feitos para comprovar a hipótese.
No entanto, Sweet afirma que os padrões de melanoma nas trutas são os mesmos apresentados em peixes de laboratório alterados geneticamente para desenvolver a doença. Segundo Sweet, isso pode ter ocorrido também com a espécie estudada.
“Dado o cenário de alterações climáticas e as mudanças constantes no ambiente de corais, entender a causa da doença é importante para contribuir para preservação dos recifes de coral e seus habitantes”, falou Sweet.
O próximo passo será estudar uma amostra maior de peixes para tentar determinar a extensão da doença na população de animais marinhos e os reflexos dessa doença no modo de vida dos cardumes.
Truta de coral

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